quarta-feira, 24 de outubro de 2012

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A história do pequeno herói - Capítulo 3

Capítulo 3 – Atingido no fim do caminho 

 O dia amanheceu, a noite anterior foi difícil, alguns arranhões precisavam ser lavados e ele o fez. A sensação era boa, a água refrescando seus pelos, porém ele estava preocupado, havia dormido na noite anterior sem higienizar bem as feridas e estava com medo de que poderia ter alguma infecção. A região da perna estava inchada, mas não haviam escoriações, provavelmente não estava infeccionado ou com algo quebrado naquela região, podia andar.
Começou a caminhar lentamente, não queria se esforçar muito, deveria evitar qualquer coisa que comprometesse seu corpo já cansado. Caminhou, caminhou muito, se passaram as horas, talvez os dias, as noites iam e vinham, começou a ficar sem pão, seguia o fluxo do rio, haviam ainda algumas frutas em sua bolsa, mas achou melhor também colher pelo caminho. Sabia de algumas saudáveis e que iriam dar energia para a viagem. Haviam passado três dias desde a batalha, tudo estava monótono, as feridas não melhoravam tanto, mas já era possível andar em ritmo normal.
Sentou no chão e olhou o mapa. Pedras, era isso que via em sua frente, várias pedras de formato estranho, pareciam flores, mas eram cinzas, rachadas, sem vida. O azul cintilante começou a caminhar por ali. No mapa era possível identificar pequenas flores cinza, pequenas, mas em grande quantidade, o que as dava destaque. Analisou, estático, o mapa. Sorriu, gargalhou, estava perto, muito perto. O “X” que indicava o local estava quase ali, talvez mais um dia para a carta ser entregue.
A mensagem enfim sairia dele e seu trabalho estaria completo. Resolveu dormir, talvez por uma última vez. Ainda não era noite, na verdade o sol marcava o que seria o meio-dia. Acordando no meio da noite, o vento frio fazia seus pelos serem eriçados, mas a pelugem azul não o deixava sentir frio tão facilmente. Sentou na beira do rio, aquele que seguia desde o começo da viagem.
Pôs a mão na mochila para comer a última uva, mas quando a puxou, a carta havia caído. Ele olhou para ela, aquele papel amarelado, com o selo real de Brightvale, havia resistido a toda a movimentação e as noites má dormidas em que a mochila serviu de travesseiro. Pegou com as duas mãos e a cheirou, hábito que cultivava desde a infância, cheirar cartas. Desde as que seus primos mandavam, a um mero imposto. Podia distinguir o perfume de quem havia mandado, a flor da qual ele foi tirado, dentre outras coisas. Após analisar bem com o olfato, falou baixo:
- Cheiro de menta, de liberdade... – sorria, adorava menta.
A carta não estava de fato fechada, provavelmente com toda a euforia esqueceram de colar direito. Deslizou as mãos sobre o papel, a curiosidade era grande, acendeu uma pequena chama, uma chama dourada, bonita, que tinha dado trabalho para se formar com os galhos molhados. Mas ali estava o fogo que ele iria usar em sua leitura, um fogo que o lembrava da sua aquecida casa. Abriu o envelope e começou a ler, em voz baixa.

Edward Freeland Van, antigo sábio, sei que nada que eu possa dizer vai aliviar a dor de ter suas terras invadidas, eu deixei de lhe ajudar uma vez, quando você precisou de mim, mas eu tive de utilizar a sabedoria e ajudar outras pessoas, você tinha terras, mas aqueles pobres povos não. Nunca soube se você me perdoou, mas gostaria que você analisasse novamente minha atitude e assim você irá perceber que ela foi nobre. Tanta nobreza que acho que você mesmo deveria repetir o ato, com os pobres Bog, eles não têm terras algumas e sei que logo poderei retribuir o favor, sei que você tem muito interesse em minha sessão de livros sobre a história de Altador, tera de seus antepassados. Tenha certeza, se conceder um pedaço de terra a eles, pelo menos até eu arranjar alguns lotes, darei boa parte destes livros que tanto admira. Pense bem, espero receber resposta por Duni. Do seu antigo companheiro de batalhas, Hagan.”

Sim, era uma carta oficial do rei, falando de forma a qual Foxon nunca havia visto. Sempre que ele passava por suas terras ou mandava algum aviso para a região, ele era o mais formal possível, mas naquela escritura era como se ele estivesse falando com um velho amigo seu. Foxon se sentiu mais inspirado a entregar a carta, era mais que negócios de governo, mas também um perdão entre amigos. Hagan havia deixado de fazer algo para o líder dos Van e provavelmente se arrependia até o momento.
Foxon pensou e releu a carta, percebendo que teria ainda outra missão, a de levar a resposta, de conseguir restituir o equilíbrio. Ele precisava de mais suprimentos, nunca havia arrependido-se tanto de um ato como se arrependeu de ter dado sua comida aos petpetpets. Torcia para que os Van não só aceitasse as desculpas de Hagan, como também que eles tivessem suprimentos para ele voltar a sua casa. Começaram então a seguir em sua cabeça pensamentos de sua casa. A havia deixado há alguns dias, mas pareciam anos. Esperava sim alguma recompensa por seus atos, além da paz e do respeito de Duni, mas a sua casa e seu rebanho faziam com que ele sonhasse. Os sonhos perduraram até que ele dormiu novamente, mas antes guardou a carta e tudo o que havia retirado da bolsa, mas havia esquecido-se do fogo.
O fogo havia lhe entregado, acordou pela manhã, mas não nas úmidas folhas e na barraca rasgada, mas sim dentro de uma rede de caça, sendo carregado por dois Lupes. Eles começavam a levar Foxon até um local um pouco mais a frente, onde haviam algumas casas.
Amordaçado, não poderia gritar, mas não foi revistado, ou teriam levado a sua mochila, que continuava escondida atrás de seu longo cabelo, por sorte a bolsa era pequena. Chegou então no local onde estava as casas, olhando um pouco mais distante, podia identificar um fazenda, sim, era a fazendo que ele tanto procurava, enfim havia chegado.
Não haviam sinais de batalha, não havia locais queimados, nem feridos, apenas armas, muitas armas. Lanças, espadas, escudos, arcos, flechas, cajados, dentre outros. No canto, com um livro, uma fada idosa encantava os armas, as lâminas brilhavam mais, ficavam mais afiadas, os escudos, mais espessos, as flechas, com pontas mais finas. Tudo brilhava. Havia diversos Neopets, desde os mais comuns, aos mais raros. Alguns eram muito grandes, não só em comparação a Foxon, mas a qualquer um, pois o minúsculo Kyrii, próximo a eles, sentia-se microscópico. Alguns mutantes, alguns com corpos encantados.
Havia ainda uma figura assustadora, que conversava com os Lupes, mas Foxon não dava atenção, estava admiriado com tantas coisas. Achou que conversando com eles a situação ficaria esclarecida, mas antes mesmo de tenta murmurar alguma coisa, levou uma pancada forte na cabeça, caindo desmaiado.

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